Com as mãos eu faço tudo
estejam ásperas ou de veludo
Com as mãos eu faço tudo,
comunico até com o mudo.
Ameaço ou suplico,
incito e encorajo,
ralho ou apaparico,
agradeço ou reajo.
As mãos servem para pedir,
exigir ou recusar,
mas também p’ra aplaudir
o que for p’ra melhorar.
Servem p’ra marcar presença,
construir e trabalhar,
resolver a desavença,
perdoar e até beijar.
Servem para conceder,
absolver, acusar,
teimar e até esconder,
mexer, remexer, apalpar.
Servem para amparar
e proteger do engano,
punir ou abençoar
e repelir o tirano.
Servem para repartir,
fazer rir e consolar
servem p’ra destituir
e até mesmo para coçar.
Matam ou mandam matar,
destruir e arrasar,
até servem p’ra roubar
se o desatento deixar.
Servem p’ra tocar guitarra,
escrever o que a alma diz,
gesticular, fazer farra
e até assoar o nariz.
Servem p'ra enxugar a lágrima,
e pentear o cabelo,
remar pelo rio acima
ou passar a mão no pelo.
Com as mãos posso rezar,
realizar tudo no fundo,
só não consigo acabar
com a maldade no mundo.