Oh, que belo é o rabelo
no rio Douro a flutuar.
que bom que é poder vê-lo
elegante e singelo
e a infância recordar
Noutros tempos navegava
da Régua até à ribeira
do Porto e Gaia e voltava
navegava e transportava
vinho em pipas de madeira.
Para além do vinho trazia
e levava sem cessar
com bom tempo ou invernia
montes de mercadoria
num rodopio invulgar
Era a lenha e o carvão
madeira, fruta e fava
batata, milho e feijão
tudo o que a população
cá do burgo precisava
Durante todo o encargo
a acompanhar a labuta
vinham a boga e o barbo,
a enguia, lampreia e o sargo
o sável a solha e a truta
Se o vento era de feição
içavam no mastro a vela
e aí a embarcação
ganhava outra emoção
e dava uma escapadela
Senão era o braço possante
a remar com energia
que levava por diante
o rabelo a montante
a terminar a porfia
O moço fazia a comida
num enorme panelão
grande, negro como a vida
e na hora da investida
lá faziam a refeição
A vida a bordo era dura
e as marés perturbantes
perigosa de insegura
o rio foi a sepultura
para muitos tripulantes
Hoje é p’ra turista ver
não há lágrima nem choro
pelo menos dá prazer
a quem quiser conhecer
este Rio Douro que adoro
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