domingo, 10 de fevereiro de 2008

A chuva cai


A chuva cai
e molha o rosto
da criança que segura
o guarda chuva
contra o vento
com bravura
mas acaba encharcado

A chuva cai
e a velhinha
procura desesperada
um recanto abrigado
p'ra esperar
que o aguaceiro
dê lugar ao tempo bom
e a deixe p'ra casa voltar

A chuva cai
e parte a flor
que indefesa não aguenta
as grossas gotas
que se abatem
em cima do frágil corpo
que não tem capacidade
de enfrentar
tamanho embate

A chuva cai
vai-se a alegria
fica tudo pachorrento
ninguém sabe como estar
apenas o lavrador
dá graças pelo mau tempo
que a seca estava a matar
o que tinha plantado.





sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Criação


Nos acordes que produzo,
obtuso e convexo,
sem nexo, procuro a harmonia
magia do momento superior
- o esplendor do sublime!

Rime ou não,
sem padrão
nem regras a amordaçar

Criar é construir,
parir o sonho inventado
polvilhado com amor,
sem temor de que o futuro
obscuro e sem razão
não entenda a canção.




quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Que bom seria


Quem dera a Bela entendesse
Os sonhos que eu alimento
E me desse a benesse
De ser meu complemento

Quem dera a Bela soubesse
Que há mundo p’ra lá do mundo
Demonstrasse algum interesse
Por algo de mais profundo

Quem dera visse mais além
Sentisse o grito calado
Desta alma destroçada

Que apenas quer o seu bem
Prefere ser magoado
A vê-la desencantada.