sábado, 25 de outubro de 2008

Longe de ti



Longe de ti
tudo é triste e inglório,
tão banal e ilusório,
que só mesmo por chalaça
pode alguém erguer a taça
e dizer que me viu sorrir.

Longe de ti
tudo é escuro, vago e frio,
vai sem norte o meu navio,
à deriva, acabrunhado,
tenta em vão desesperado,
à loucura resistir.

Longe de ti
perco o meu próprio caudal,
passo ao estado imaterial,
desaguo em mar profundo,
deixo para sempre este mundo,
não vale a pena existir.




terça-feira, 7 de outubro de 2008

Fosse eu Rei


Fosse eu Rei e dar-te-ia
um jardim Celestial
p’ra colheres no dia a dia
rosas brancas de cristal

Dar-te-ia uma mansão
Toda forrada a veludo
À entrada um brasão
Com teu nome num escudo

Dava-te um lago encantado
Em forma de coração
Florido e delicado
A raiar a perfeição

Fosse eu Rei e dar-te-ia
este reino e o dos céus
p’ra que em minha companhia
sonhasses os sonhos meus

Dar-te-ia tudo aquilo
que soubesse quereres ter
se desejasses o Nilo
roubava-o p’ra te oferecer

Dava-te jóias e ouro
pratas, sedas e rubis
mereces tudo tesouro
és a minha flor de lis.



Gente que sente


A gente nasce
e faz-se
gente que sente.

Mente somente
por não ser crente.
É indecente
que alguém inteligente
faça com que se rebente
uma bomba em Hiroshima.

Francamente…

De repente o existente
sente que o seu parente
que é gente e também sente
que foi sempre mui decente
moribundo realmente
sofre só, sem que alguém tente
um carinho displicente.