quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Fredy


Era dócil
o bichinho
sempre à espera
dum carinho
sempre pronto
pra brincar

Dono dum lindo
focinho
arraçado de Alemão
pastor em segunda mão
fez-nos muita companhia.

Era doente
o coitado!
Passamos um mau bocado
com os ataques
que lhe davam

Eram tantos tantos tantos
que caía pelos cantos
dava dó de vê-lo assim

Tivemos que o abater
foi duro ter que o fazer
mas teve de ser assim

Agora resta a saudade
às vezes tenho vontade
de lhe fazer um miminho

Estejas lá onde estiveres
descansa em paz
amiguinho.



terça-feira, 25 de setembro de 2007

Quem me dera



Quem me dera
poder estar
junto ao mar
com a quimera
que alimento
e intento
doravante
qual gigante
ou mera fera
mudar o mundo
num segundo
vencer a dor
e fazer vingar
com fervor
o amor.




segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Feliz aniversário mãezinha


Hoje é um dia especial

Um dia de felicidade

Um dia que em boa verdade

Parece um lindo vitral


É que a minha mãe querida

Santa amada que adoramos

Aquela que me deu vida

Faz hoje oitenta e dois anos


Que Deus te conserve mãezinha

Por muitos anos e bons

P’ra mim tu és a Rainha

Dos mais maravilhosos dons.







Agradecimento


Sentado
num banco de vento
Invento
a magia
e subo a fasquia
do meu reinado

Soldado
dum exército absurdo
Chafurdo
as ideias
e saltam colcheias
para o meu fado

Seja louvado
aquele que me guia
a travessia
e me ajuda
a fazer a muda
deste estado.



domingo, 23 de setembro de 2007

Amigos


No cimo
destes cinquenta e cinco degraus
olho em redor e vejo
a multidão de gente que conheci
Ena tantos!
De alguns tenho saudades
de outros nem por isso.

A vida dá tantas voltas
e não temos certezas de nada.

Desiludi-me com quantos?
fui surpreendido por tantos
pela positiva e pela negativa

Tanta gente diferente
tantas formas de estar
tanta paranóia junta
tanta loucura e estupidez
tanta frieza e distancia
tanta falta de sentimentos
tanto egocentrismo
tanto surrealismo

Mas depois de peneirada
toda esta gente marada
meia dúzia deles ficaram
no fundo do meu coração

São meia dúzia de seis
são pessoas sãs e boas
amigos fieis, verdadeiros
que admiro e venero
amo muito e espero
poder continuar a amar.

Eles sabem que podem contar
com todo o meu respeito
aqui ou em qualquer lugar
serão amigos do peito.

Bem haja por existirem.



terça-feira, 18 de setembro de 2007

Força de vontade!


Levo às costas a vontade

De alcançar o que preciso

Na estrada a tempestade

Faz-me ficar indeciso


Este mundo em que vivemos

Que nos nega a felicidade

Faz com que desacreditemos

Até da própria verdade


Guio-me pelo instinto

Obedeço ao coração

E assim venço o labirinto

E procedo à louvação


O pensamento é veloz

Abre portas, faz crescer

Não temo a vinda do algoz

Estou pronto para o vencer


É preciso ter coragem

Faz parte do crescimento

A dor é só de passagem

O empenho é um portento


O rumo que a vida traça

Leva-me onde outros já foram

Tenho de mostrar a raça

Daqueles que nunca choram.




Recordação


Olhos nos olhos

Em silêncio

Fluidos arrancados

do fundo do ser

A descoberta

o tacto, o olfacto

o sabor, o calor

o champanhe e os salgados

os beijos molhados

mão na mão e o passeio

com todo o enleio

sem falsas promessas

sem nada de pressas

O ver para crer

O querer é poder.




Pensamento


A palavra
que se lavra
de renda
É prenda
que o livro
qual crivo
faz despertar
não só o olhar
mas principalmente
a nossa mente.

O horizonte
faz abrir a fonte
que nos mata a sede
e o medíocre já féde
O perfil
ganha e Abril
faz de conta
e é tonta
a pessoa
que é boa
e crê
naquilo que vê.

O dinheiro
está primeiro
e em tudo o mais
mandam os boçais.

Na palavra
que se lavra
é que não
existe papão.
O pensamento
voa como o vento
e as trepadeiras
não têm fronteiras.


sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Tenho tempo



Vem a noite e o luar
sempre pronto a aconchegar
os sonhos que eu alimento.

Voa comigo entre estrelas
pinto um quadro a aguarelas
p'ra eternizar o momento.

Liberto-me e vou sem destino
ouço ao longe um violino
que exprime o meu sentimento.

Tenho tempo p'ra chegar
quero mesmo é sonhar
dar asas ao pensamento.


quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Pelo postigo.


Hoje estou cansado
e sem vigor
Nos meus olhos
tenho um peso enorme
Até o fresco da noite
em rigor
Me incomoda duma forma
desconforme

São cinco da manhã
e não consigo
Raciocinar em paz,
de bem comigo
Estou sem sono
feito mono
O sol amigo
dentro em breve
entra pelo postigo
e cá o rapaz
assim não escreve
até breve.



terça-feira, 11 de setembro de 2007

Sonhei....


Sonhei
que valia a pena andar por cá.
Que valia a pena sonhar
e a felicidade
estava mesmo
ao dobrar da esquina.
Que os pobres
deixaram de o ser
e que a fome
fazia parte da história.
Que a saúde
era acessível a todos,
a hipocrisia
não tinha vingado,
que já não havia mentira
nem opressores e oprimidos
e finalmente havia paz.

Sonhei....


Miminho


Foi tão leve,
leve, leve,
levezinho
aquele carinho
que chegou
a causar dano
de tão breve
e ficou
a sensação de engano
naquele teu breve
miminho.



sexta-feira, 7 de setembro de 2007

O actor.


Entra em cena e dá de si
o que lá por dentro sente
Tanto chora como ri
como goza com a gente.

Num faz de conta incessante
recria a postura de alguém
faz reviver o instante
relembra o mal e o bem.

O calor dos holofotes
não esmorece a paixão
com que defende os motes
que decorou do guião.

O palco é a sua vida
o público o alimento
o aplauso no final
dá-lhe a força e o alento.

Quando despe o personagem
vai p'ra casa descansar
mas leva já na bagagem
outro texto a decorar.

Todos nós representamos
o papel que nos convém
Quando menos esperamos
vivemos a vida de alguém.



quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Afinal quem manda?


Dona Armanda você manda

Trás sempre um truque na manga

Nós por cá todos de tanga

Isto não anda, desanda.


Já falei com o Miranda

O tal que nasceu em Luanda

Vamos mas é pró Uganda

Aqui é só propaganda.


Isto nunca mais abranda

Avistei lá da varanda

Um panda que em debanda

Diz que vai p’ra Ipiranga.


Já tou farto desta canga

Se fico dou em capanga

Parto sem lugar a zanga

Afinal sou eu quem manda.



O Rei vai nu


Se o que me vem à cabeça
faz com que eu entristeça
p'ra quê ser masoquista?

Só tenho mesmo a ganhar
seguindo em frente e andar
mesmo que armado em artista.

Se doer o tornozelo
mais vale dizer e fazê-lo
durmo uma sesta à sombrinha

Não há muito p'ra escolher
a vida passa a correr
é madrasta ou madrinha

Pega na sacola e faz-te à estrada
nesta terrinha não se passa nada
muitos o fizeram, fá-lo também tu
que por estas bandas o rei vai nu.



Falam, falam e não dizem nada


Enquanto eles se divertem
encharcados na bebida
falam alto e esquecem
que há gente que fica aturdida

Sem vontade de sorrir
que só quer paz e sossego
é obrigado a ouvir
da boca de um qualquer labrego

O discurso do idiota
que é vaidoso e convencido
uma autêntica anedota
mas pensa que é evoluído

Falam, falam, e no fim.....


Outros tempos


Naquele tempo
p'ra ser feliz
bastava muito pouco.

Um arco e um gancho,
algumas caricas,
uma fisga e um peão,
quatro rolamentos,
uma tábua e três paus,
um carrinho de lata,
uma bola de farrapo,
papel e lápis para desenhar.

Para os miúdos de hoje
isto é pouco concerteza
mas naquele tempo
não aspirávamos a mais.

E éramos felizes!


quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Esse sou eu!


Se alguém te disser
que me viu
num bar qualquer
da cidade
a beber e festejar
a sorrir, a gargalhar,
esse não sou eu.

Se alguém te disser
que me viu
num estádio de futebol
a assistir a uma partida
empolgado com o jogo,
esse não sou eu.

Se alguém te disser
que me viu
estendido na praia
a tomar banhos de sol
mesmo que o tempo
esteja convidativo,
esse não sou eu.

Se alguém te disser
que num dia de chuva
me viram a olhar
pela vidraça da janela
ou dentro do carro
a fitar o mar
perdido nos meus pensamentos,
esse sou eu!


terça-feira, 4 de setembro de 2007

Ontem e hoje



Hoje queria dizer sim
mas tive que dizer não,
ontem queria dizer não
e tive que dizer sim.

Ontem queria estar em paz
e não consegui,
hoje senti a maldade
que tanto abomino.

Que mundo este que nos obriga
a dizer aquilo que não sentimos
e nos põe à prova a todo o instante.


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Enquanto puder



Ás vezes no meu canto
contemplo a plenitude da noite
e o barulho do silêncio.
Ouço vozes de gente muda
e alongo-me em conversas interiores
que me atiram contra rochedos
dum mar que nunca vi.

Actor de uma peça inacabada
vivo o momento e aspiro por mais.
Sou o que sou e nem por isso me revejo
em cicatrizes por curar.
Tudo à volta é importante
se lhe dermos importância

Sonho acordado o sonho que é sonho
e por certo não passará disso mesmo.
Mas é bom sonhar e por isso
vou viver a utopia enquanto puder.