sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Galo de Barcelos


Diz a lenda que em Barcelos
o povo andava alarmado
todos tinham pesadelos
pelo crime inusitado

Ninguém fazia ideia
de quem cometera tal acto
queriam mandar p'rá cadeia
o canalha d' imediato

Encontraram um suspeito
um Galego calmeirão
por isso meu dito meu feito
levaram-no para a prisão

Jurou que estava inocente
que se tinham enganado
o Juiz indiferente
mandou que fosse enforcado

Antes de ser castigado
pediu para o deixarem ir
a casa do magistrado
que se queria despedir

O Juiz apesar da surpresa
aceitou o seu pedido
recebeu-o mesmo à mesa
- Que queria o atrevido?

O Galego algemado
provando nada temer
apontou p'ró galo assado
que o juiz ia comer

Com o olhar fixo e frio
sem sequer pestanejar
lançou-lhe o desafio
que agora passo a citar:

- É tão certo eu estar
inocente e abusado,
como é certo o cantar
desse galo aí assado.

O Juiz logo ordenou
que fosse dali retirado
levado p'ra donde chegou
e de imediato enforcado

O homem lá foi conduzido
p'ra pagar pelo seu crime
no cadafalso perdido
sem nada que o anime

Foi então que aconteceu
o que o homem premeditou,
o galo assado se ergueu
e por três vezes cantou.

O Juiz foi a correr
impedir o enforcamento
e o homem que ia morrer
foi dado como isento

O povo fez algo bizarro
fez dos galos um estandarte
moldou-os em louça de barro
pintou-os com muita arte

Ora a lenda aqui está
do tal galito pintado
verdade ou mentira, sei lá
por mim já contei, está contado.





Cores, muitas cores.

Cores, cores, muitas cores
perfumadas com amor
cores com muitos sabores
carregadas de esplendor

Cores quentes, cores frias
cores com brilho e encanto
cores que iluminam os dias
e dão energia ao meu canto

Vermelho, laranja, amarelo
verde, azul e violeta
todas elas são apelo
à minha veia poeta

Elas pintam os meus dias
sejam claros ou escuros
avivam tanto as alegrias
como os momentos de apuro

Um arco-íris, magia
pinta o mundo a meu gosto
faz-me sonhar noite e dia
co'a beleza do teu rosto

Quero a cor do teu sorriso
misturada co'a dos olhos
são as cores que mais preciso
p'ra alimentar meus estolhos.





quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Realmente


Realmente é como dizes
somos os dois como um só.
Somos bife e batata frita
vinho do Porto e queijo
somos cerveja e tremoços
batata com bacalhau.

Realmente é como dizes
p'ra quê andar de trenó
no gelo da serra desdita
se com apenas um beijo
e um abraço dos nossos
resolveremos o tau.

Chega-te a mim ó cachopa
eu cá estou de vento em popa
quero te acariciar
Não é bom estarmos zangados
com os sonhos adiados
p'ráqui a choramingar.




quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A juventude


Vives co'a força dos sonhos
de objectivos risonhos
não há ninguém que detenha
a alegria de viver
a vontade de vencer
nunca te esqueces da senha

A juventude é um tesouro
mas não é tão duradouro
que não se esgote um dia
É bom mostrares confiante
que a vida é fascinante
uma autentica comédia

Um dia, lá mais para a frente
sentirás asperamente
como tudo se alterou
De nada vale encobrir
a lágrima que deixares cair.
Foi a saudade que aportou.



terça-feira, 27 de novembro de 2007

Voa coração, voa


Voa coração, voa
por esse céu infinito
vê se vês uma alma boa
que me alimente o espírito

Se a vires diz-lhe que estou
nesta terra por engano
este planeta ficou
impróprio e desumano

Fala também co'as estrelas
diz-lhes do meu desencanto
pode ser que alguma delas
entenda este meu pranto

Co'as nuvens é tempo perdido
trazem cargas negativas
não vão entender o gemido
são bastante intempestivas

Voa coração, voa
Por Deus, não voltes sozinho
trás uma noticia boa
que me elucide o caminho.




domingo, 25 de novembro de 2007

Jingle Bells à Portuguesa

É natal é natal
por cá tudo mal
tanta gente
descontente
com este animal

Da saúde ao emprego
dá cabo de tudo
ele é cego
é labrego
um grande cascudo

Este País já está
na cauda da Europa
nem p'ra comida há
já não ganhamos p'rá sopa

Sobem impostos à malta
são tantos os disparates
cobram tanto que só falta
penhorar-nos os tomates.






Cheiro a Natal


Já sinto o cheiro a Natal!
"Começou a palhaçada"
Sempre o mesmo ritual
mais parece um carnaval
tanta gente mascarada.

Há muita prenda a comprar
umas úteis outras não
o que é preciso é mostrar
que vivem todos num mar
de abastança e exaltação.

Afinal é só um dia
um dia passa-se bem
no resto do ano a astenia
fá-los andar com azia
não se lembram de ninguém

Natal é a toda a hora
em todos os dias do ano.
É parar quando alguém chora
ajudar quem anda à nora
seja fulano ou beltrano

Que haja muitas lembranças
agora e a todo o momento
para todas as crianças
neste mundo de mudanças
e de tanto alheamento

Prendas sim mas com amor
só assim é mais valia
Natal é sempre se for
dar um carinho, uma flor
sem lugar a hipocrisia.



sábado, 24 de novembro de 2007

Dias cinzentos


Os dias cinzentos
passam lentos
a passo caracoidal
São tristes sem cor
e até o odor
é de todo anormal

O sol faz-me falta
e logo me assalta
a melancolia
Fico atrofiado
nervoso, cansado
com grande apatia

Preciso de luz
da luz que conduz
à alegria e bem estar
Preciso da rosa
e da mariposa
a borboletear

Sem cor tudo é triste
o mau humor persiste
não dá p'ra sonhar
Se preciso for
peço a Deus Nosso Senhor
que faça o sol voltar




sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Dona Gina

Dona Gina
é gente fina
boa menina
e boa irmã

Tem tudo a ver
com o meu modo de ser
bem posso dizer
que é meu talismã

Virada p'rás artes
adora os contrastes
prima nos remates
da sua pintura

Adora o sossego
do seu aconchego
alimenta o ego
na sua candura

Sou cá um sortudo
por ter sobretudo
uma alma veludo
que gosta de mim

É que a minha mana
é porreira, bacana
é muito humana
gosto dela assim.



Lágrimas


As lágrimas qu'em vão enxugo
são gotas de sangue vivo
de tanta dor concentrada
da vida, que à bastonada
vivi, de modo destrutivo
por quem nos impõe o jugo

Meu choro assim sufocado
é blue com alma de preto
trinado sentido à guitarra
deste velho que se agarra
ás palavras de um soneto
escrito por estar agastado

Meu grito, raiva acumulada
é força saída do peito
p'ra aliviar a tensão
deste pobre coração
que apenas tem o defeito
de exigir o fim desta canalhada.



quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Retrato


Naquele retrato
já amarelecido
tens um quê de inacto
tens algo escondido

Cabelo ondulado
nos ombros caído
sorriso encantado
num rosto luzido

Um olhar sereno
dum brilho ofuscante
tão pouco terreno
um divino brilhante

Colar branco ao peito
sobe a blusa preta
que exibe a preceito
uma flor discreta

Foste sempre muita linda
minha companheira amiga
nada faz com que prescinda
desta paixão tão antiga.





A porta

Há uma porta
a dividir
dois mundos
em tudo distintos.

Deste lado
tenho a paz,
a calma
que tanto prezo,
os meus livros,
discos, filmes,
tintas e pinceis.
A guitarra
e o conforto
do meu canto
especial,
onde navego
por mares
que a imaginação
me dita.
Sou eu,
sózinho
comigo próprio,
eu... e os meus sonhos.

Do outro lado
da porta
existe um mundo
a correr,
gente que não tem
nada a ver.
Cultivam
a hipocrisia,
atropelam-se
uns aos outros,
vivem
da aparência,
lutam
por chegar
à frente,
querem sempre
mais e mais,
vendem
a alma ao diabo.

Por isso
sempre que posso
prefiro estar
deste lado.





quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Se houver lugar...

Se houver
lugar a paixão,
que aconteça
numa cachoeira
rendilhada
de espuma
com cristais
a cintilar
e as asas
do sonho
sobrevoem
o inesperado
com a vontade
febril
da última
oportunidade.

Se houver
lugar à loucura,
que seja doce
multicolor
ao som
dum oboé
com o sol
por companhia
e nasça
o mais lindo
poema
que exalte
o amor
com garra
e sapiência.

Se houver
lugar a engano,
que seja
aceite
sem trauma.
As certezas
não existem.
A mágoa
é passageira.
A dor só dura
algum tempo.
A bonança
encarrega-se
de pôr as coisas
em ordem.




terça-feira, 20 de novembro de 2007

Esta vida são dois dias


Tudo é efémere e vão,
passageiro e sem valor.
P'ra quê tanta ebulição
ganância, humilhação
crueldade e dissabor?

Tudo nos é emprestado
deixamos tudo por cá
parece que do outro lado
tudo o que for enviado
não é aceite por lá

Vivamos o tempo que resta
com amor e numa festa
brindemos às alegrias

Agradeçamos a sorte
ás tantas chega o passaporte,
...esta vida são dois dias.





Ao amigo Barbieri


Olá, meu bom Amigo,
como vai tudo contigo?
É tanta a saudade que sinto,
ainda mais porque pressinto,
que p'ra além de tanto mar
não vou a tempo de te abraçar.

A vida corre depressa
o passado não regressa
Nuns dias tudo vai bem
outros ficam muito aquém
A saúde já escasseia,
são medalhas da epopeia
que vamos coleccionando,
mesmo assim lá vou andando.

Estou faminto de noticias
de ler as tuas poesias.
Continuas a escrever?
Queira Deus que eu possa ter
a benção da tua visita
e nessa hora bendita
dar-te um grande, grande abraço.
Podes crer que o nosso laço
é bem forte e nesta andança
trago-te sempre na lembrança.

Um bem haja meu Amigo!




domingo, 18 de novembro de 2007

Resignação

Tudo à volta desabou
destruiu o meu espaço
o futuro desmoronou
o sonho rodopiou
e fugiu do meu regaço

Perdido, à deriva
neste mar encapelado
grito na tentativa
que alguma força activa
me livre deste machado

Onde está o chilrear
alegre dos passarinhos?
que nos viam a passar
de mão dada a trocar
caricias e muitos beijinhos

Até o sol se escondeu
p'ra não me ver a sofrer
e a lua que nos protegeu
ao ver o que aconteceu
decidiu desaparecer

Assim triste e magoado
cansado e abatido
desisto resignado
Sem ti aqui a meu lado
a vida não faz sentido.





quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Já é sadismo


Palavras, palavras
e mais palavras
argumentos
sem sentimentos
de gente sem coração
do tipo camaleão
Gente que não tem alma
que engana e leva à palma
o povo que vai sofrendo
horrores, e lá vai enchendo
os bolsos das ratazanas
que fazem de nós bananas.

A nossa vontade tem força
e mesmo que torça
não vai partir, não
que a fé e a razão
é tal e qual um escudo
e eu acho que expludo
se deixar de escrever
o que tenho a dizer
aquilo que trago cá dentro
dentro do meu epicentro.

Abaixo a contenção
Abaixo a corrupção
Abaixo o autoritarismo
Abaixo o clientelismo
Abaixo o oportunismo
...que isto já é sadismo.





quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Não sou poeta


Não sou poeta, sou alma
que dá voz ao sentimento
Vivo em paz, com muita calma
na alegria e no desalento

Sou doutorado pela vida
tenho sede de aprender
não quero a vida despida
de amor, carinho e prazer

Sou sensivel ao olhar,
que os olhos sabem falar
do fundo do coração

Dou-me todo com ternura
e no meio da candura
não escondo a exaltação.





terça-feira, 13 de novembro de 2007

O meu silêncio


Sentado
à mesa dum barzinho
um cigarro
na mão esquerda
leio
as gordas do jornal
saboreio
um cafézinho
penso
nesta vidinha de merda
como é que
há tanta besta? é bestial.

Uma moça engraçadita
no balcão
toma um sumo
e olha-me fixamente
lança um sorriso,
cumprimenta-me com a mão
retribuo
o cumprimento gentilmente

Não faço a menor ideia
quem será
não quero conversa,
hoje é um mau dia
preciso estar só,
jamais haverá
quem se sinta bem
na minha companhia

De momento
quero apenas estar comigo
não conto a ninguém
o que estou a sentir
dava jeito era mesmo
estar contigo
o meu silêncio
só tu o sabes ouvir.





segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Inconstância


Estou aqui
mas é ali
que no fundo
quero estar
Estou ali
mas é aqui
que penso
devia estar

Se não tenho
quero ter
corro atrás
sem desistir
Se consigo
já não preciso
farto-me logo
de o ter

Quando faço
penso logo
que não o devia fazer
Se não faço
ando triste
porque o queria
ter feito

Até mesmo
este texto
agora que o escrevi
fico com a impressão
que não o devia
ter escrito.




domingo, 11 de novembro de 2007

Ah! Memória...


Ah! memória
que não me largas
Pára de avivar
a lembrança
das amargas recordações
que penetram como facas
e me fazem voltar
ao passado.

São laminas afiadas,
lágrimas
embaladas pelo rosto
por entre o olhar perdido
na imensidão do céu
A dor forte demais
vai trinchando
este meu corpo
já de si quase acabado

Ah!... Tanto queria
que me abandonasses
de vez
para viver as paixões
ilusões que o vento trás
percorrer as avenidas
sem a dor que se instalou
neste peito tão sofrido
e deixar de vez
esta triste solidão.





sábado, 10 de novembro de 2007

Não quero


Não quero
que me mintam
quando pintam
o retrato
caricato
do que não sei,
senão serei
como os que imitam
que tanto me irritam,
e trairei
o que ansiei
e inventei.


Não quero
que me lambusem,
mas não abusem
da minha bondade.
Na verdade
sou o que sou
e não vou
por caminhos
de cordelinhos.
Sou transparente
e só estou ausente
para o displicente.


Não quero
que se escondam
e só me respondam
o politicamente correcto.
Não está certo!
A verdade
ganha sempre à falsidade
é como o azeite
mesmo que alguém se aproveite
vem à tona
e o mandante da intentona
vai inevitavelmente à lona.





Sete quadras soltas


Meu amor, minha Princesa
flor que cuido com prazer
és dona de tanta beleza
que enlouqueço de te ver

Escusam de me agredir
Podem correr e saltar
que nada vai impedir
a vontade de te amar

Quando olho o teu retrato
vejo um mundo multicor
agradeço a Deus pelo facto
de te ter conhecido, amor.

Sou assim, não adianta
não me vou modificar
a minha vontade é tanta
que nada a consegue travar

Quando sinto o teu peito
apertado contra o meu
vejo o quanto é perfeito
o amor que em nós nasceu.

O beijo que te roubei
foi de tal intensidade
foi tão bom que até fiquei
zonzo de felicidade

Anda cá, senta ao meu colo
quero fazer-te um carinho
se não ainda fico tolo
de desejo dum beijinho





quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O meu canto


Canto p'ra mim e p'ra ti
canto p'ra quem nunca vi
canto p'ra todos e canto
p'ra quem gosta de sentir
ouvir e não confundir
encanto com desencanto

Canto sobre o nosso tempo
quase sempre em contratempo
que é preciso decantar
canto tanto p'ra miudos
como para os mais graudos
canto p'ra quem se acercar

Canto ao céu, canto à lua
canto à mulher da rua
canto à terra e canto ao mar
canto ao calor e ao frio
canto e a todos sorrio
se estiverem a gostar

Só não canto p'ra rafeiros
mandriões e azeiteiros
que não querem trabalhar
não merecem que lhes cante
a esses passo adiante
prefiro deixar de cantar.





quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O livro


Estás tristonho velho amigo
parece que estás de castigo
ninguém lê os teus escritos
Já lá vão uns bons anitos
que estás para aí encostado
esquecido, abandonado
o pó e a tez amarelada
dão ideia da biqueirada
a que foste sujeito
Não há direito!

Ninguém quer saber das naus
de tantos piratas maus
de tesouros e amores
dos terriveis saqueadores
nem de principes encantados
das bruxas e maus-olhados
dos poemas de amor
do poeta sofredor

As novas tecnologias
mesmo com as mialgias
que provocam tanta dor
fizeram do computador
no momento actual
o teu mais feroz rival.





À minha amiga Silvia


Que boa amiga eu tenho
amiga do coração
amizade que detenho
construo com todo o empenho
e que não largo da mão.

É uma pessoa sensivel
que tem muito para dar
tem uma força incrivel
está sempre disponível
gosta de me apaparicar

Desportista dedicada
adora tocar guitarra
canta co'a voz afinada
é uma boa camarada
e gosta duma boa farra

Em qualquer tipo de perigo
e nas horas de aflição
tem aqui um ombro amigo
o seu porto de abrigo
sabe que estou sempre à mão.

Jamais poderei esquecer
a prenda que ela me deu
quando fiz cinquenta anos
foi dicil de conter
tanta emoção que doeu
e me fez navegar oceanos.

Como é bom ter uma amiga
com quem se pode contar
dedicada e que nos diga
sem rodeios à moda antiga
o que a alma lhe ditar



segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Ao meu querido Pai

Pai!
Tenho saudades,
muitas saudades de ti
Nem imaginas
a falta que me fazes!...

Queria dar-te um abraço
partilhar contigo o espaço
beber um copo contigo
Falar dos nossos projectos
veres os filhos e os netos
devias estar aqui comigo

Sinto muito a tua falta
o meu coração exalta
o amor que me mereces
Trago-te comigo no peito
e à noite quando me deito
estás também nas minhas preces

Foste um homem de trabalho
nunca foste ao soalho
foste sempre um vencedor
tinhas fé e alcançavas
tudo aquilo que sonhavas
foste um conquistador.

Sinto falta das histórias
das maroteiras e glórias
que muitas vezes contavas
das viagens que fizemos
das discussões que tivemos
e das broncas que me davas

Foi duro ver-te partir
e mais duro, foi assistir
a todo aquele sofrimento
sem nada poder fazer
sem hipótese de te valer
só eu, tu e o sentimento

Quero que saibas meu pai
que o amor por ti não se esvai
jamais serás esquecido
A mãezinha está bem
e os meus irmãos também
Um beijo muito sentido!.




O meu jogo


No meu jogo
aconteceram
vitórias, empates.
derrotas

Já festejei
já chorei
sofri faltas
e castigos
raramente
beneficiei
tanta vez
penalizado

Sofri cantos
e penaltis
livres
e foras de jogo
assobios
e aplausos
prolongamentos
sofridos.

O meu jogo
já vai na segunda parte
quando acabar
se saberá
o resultado.




domingo, 4 de novembro de 2007

Desilusão


Impávido e sereno
Como um fardo de feno
Completamente abstracto
Inerte, distante, calado
A vida a passar-lhe ao lado
Olhos fixos num retrato

O cabelo desgrenhado
Na boca um cigarro apagado
Cotovelos nos joelhos
Ao lado uma garrafa de vinho
Um cobertor gasto, de linho
E um monte de jornais velhos

Uma velha bem disposta
Abeira-se e dá-lhe uma posta
De bacalhau frito num pão
Ele gesticulou a agradecer
E começou logo a comer
A sandes com sofreguidão

Interpelei a senhora
Antes que se fosse embora
Perguntei-lhe: Quem era afinal?
Tão triste personagem
A olhar fixo uma imagem
Naquele desapego total

Respondeu que ele lhe contara
Da única vez que falara
Que a sua grande paixão
Um dia desapareceu
E ele nesse dia morreu
Por tão grande desilusão

O amor é mesmo assim
Um maravilhoso jardim
Quando tudo corre bem
Quando a coisa dá p’ró torto
Acaba sempre em mau porto
É duro e não poupa ninguém.




sábado, 3 de novembro de 2007

O poeta


O poeta
é um careta
fingidor
e até pateta
desembrulha
a ideia
seja bonita
ou feia
vale-se
da emoção
e fala-nos
ao coração

Chora
p'ra nos ver chorar
Sorri
para nos alegrar
Mente
p'ra nos ver felizes
Abre as nossas
cicatrizes
finge
que somos nós
impinge-nos
a sua voz

O poeta
é mau carácter
sempre pronto
a abater
todos quantos
são sensiveis
adora
queimar os fusiveis
das almas debilitadas
atira-nos
com o morfema
e assim
debita o poema

O poeta
é um palhaço
trás sempre
debaixo do braço
um tempo
p'ra reflectir
um verso
a destruir
a utopia
de alguém
e fá-lo
sem saber a quem

Abaixo
o poeta que escreve
coisas tristes
e não percebe
que estamos
pelos cabelos
com todos
os seus pesadelos
que queremos
amor e paz
senão
não satisfaz

Hoje estou mal humorado,
corro tudo à bastonada,
quem paga é o poeta, coitado
que não tem culpa de nada.




sexta-feira, 2 de novembro de 2007

O amor


O amor não manda recado,
acontece, não avisa ninguém,
quando é puro e elevado
aparece inopinado,
nada e ninguém o detém.

Surge como por magia,
aparece de repente,
com canticos de alegria,
real, sem demagogia
e a paixão é eminente.

Como água cristalina
mata a sede dum olhar,
dum sorriso e ilumina
a escuridão que germina,
faz viver e até sonhar.

O amor é tudo isto
e é tal a dimensão
que a razão é imprevisto,
tem tudo a ver com o registo
que manda o coração.

Quando vem cria raizes
nos que nele acreditaram.
Quando vai deixa infelizes,
com imensas cicatrizes,
todos quantos se entregaram.




Amon Leopold Göth


Um tiro certeiro e cai o primeiro...
Era apenas uma judia,
gente menor e rufia...

Amon Leopold Göth acordava
e da varanda acertava
num qualquer Judeu à sorte

Orgulhoso com o facto,
sorria pelo seu acto,
feliz com a sua morte

Tentava ajudar o mundo
a ficar menos imundo.
Os Judeus tinham peçonha

Era um povo sem vergonha
sem hipótese de futuro.
Alemão sim, era um povo puro!

E seguia a sua vida
sem qualquer tipo de ferida
co'a maior normalidade

Meu Deus como foi possivel,
gente assim tão insensível,
gente com tanta maldade?