Diz a lenda que em Barcelos
o povo andava alarmado
todos tinham pesadelos
pelo crime inusitado
Ninguém fazia ideia
de quem cometera tal acto
queriam mandar p'rá cadeia
o canalha d' imediato
Encontraram um suspeito
um Galego calmeirão
por isso meu dito meu feito
levaram-no para a prisão
Jurou que estava inocente
que se tinham enganado
o Juiz indiferente
mandou que fosse enforcado
Antes de ser castigado
pediu para o deixarem ir
a casa do magistrado
que se queria despedir
O Juiz apesar da surpresa
aceitou o seu pedido
recebeu-o mesmo à mesa
- Que queria o atrevido?
O Galego algemado
provando nada temer
apontou p'ró galo assado
que o juiz ia comer
Com o olhar fixo e frio
sem sequer pestanejar
lançou-lhe o desafio
que agora passo a citar:
- É tão certo eu estar
inocente e abusado,
como é certo o cantar
desse galo aí assado.
O Juiz logo ordenou
que fosse dali retirado
levado p'ra donde chegou
e de imediato enforcado
O homem lá foi conduzido
p'ra pagar pelo seu crime
no cadafalso perdido
sem nada que o anime
Foi então que aconteceu
o que o homem premeditou,
o galo assado se ergueu
e por três vezes cantou.
O Juiz foi a correr
impedir o enforcamento
e o homem que ia morrer
foi dado como isento
O povo fez algo bizarro
fez dos galos um estandarte
moldou-os em louça de barro
pintou-os com muita arte
Ora a lenda aqui está
do tal galito pintado
verdade ou mentira, sei lá
por mim já contei, está contado.
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