Com passada certa
e ar decidido
deixava as pegadas
na areia da praia.
Cabelo grisalho
a barba comprida.
O rosto enrugado
cigarro na mão.
Botas de borracha
quase até à anca
samarra bem grossa
capucho caído.
Ao passar por mim
fez um leve aceno
e lá prosseguiu
com o passo marcado
talvez para casa.
Ele vinha do mar...
Será que a faina
desta vez foi boa?
Fico a imaginá-lo
no meio das vagas
o lobo do mar
atento a lutar
com todas as forças.
E a água salgada
a bater-lhe na fronte.
- Ninguém larga a rede!
Agarrem com força,
com um pouco de sorte
haverá boa safra.
Já quase só vejo
a sua silhueta...
Quem dera tivesse
parado a contar
as mil e uma histórias
passadas no mar.
Talvez nunca mais
me volte a cruzar
com o lobo do mar,
mas se acontecer
não vou resistir,
meto-me à conversa
e com humildade
peço que me conte
alguns episódios,
dos muitos que tem,
passados no mar.
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