quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Aos meus filhos

Achou Deus que eu merecia
ser feliz e deu-me um dia
uma flor maravilhosa
Rosa bela e formosa
P'ra com muito amor criar.

Depois deu-me um cravo lindo
que recebi sorrindo
e muito agradeci
Prenda que nunca esqueci
e não canso de mimar.

Duas flores encantadas
que por serem desejadas
só podiam florescer
Foi tão bom vê-las crescer
felizes e com saúde.

Hoje estão já bem crescidas
são donas das suas vidas
tenho orgulho do que são.
Do fundo do coração
peço a Deus que as ajude.

Amo-as muito e vou estar
sempre atento e a abençoar
o caminho que escolherem
P'ra que tudo o que fizerem
seja da sua vontade.

Um grande beijo e o recado:
Estarei sempre ao vosso lado
e mesmo quando me for
zelarei com muito amor
pela vossa felicidade.






quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Lembranças


O futuro é importante
fonte de preocupação.
Esta vida alucinante
feroz e beligerante
é regida pelo cifrão.

Esta louca correria
onde nem todos vencemos
massacra dia após dia
e transforma em anarquia
aquilo que de bom temos.

Ninguém pára p'ra pensar
- há que lutar pelo pão!
Não há tempo para amar
dar um carinho, abraçar
quem precisa de afeição.

O passado é esquecido
o que interessa é o presente,
quando tudo é decidido
em função do tempo ido,
tudo está adjacente.

Recordar é reviver
e ver o caminho andado
coitado de quem não tiver
lembranças, para aprender
com os erros do passado.





terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Um dia...


Um dia serei levado
daqui para o outro lado
pela brisa refrescante
qual pluma flutuante
corpo aberto e disperso
pelos céus do universo.

Despido de coisas terrenas
levando comigo apenas
a paz do dever cumprido
sem o mais leve gemido
de consciência lavada
e condição elevada.

Um dia serei levado
daqui para o outro lado
tranquilo e sem rancor
apenas com o amargor
de não conseguir ajudar
gente que vive a penar.

Quando Deus me receber
vou poder esclarecer
coisas que nunca entendi
ele sabe que sempre pedi
pelos mais necessitados
pelos eternos adiados.

Com certeza há uma razão
difícil à nossa visão
e que custa aceitar
Temos é que acatar
porque Deus é só bondade
e quer a nossa felicidade.





segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Rotina


A rotina não ajuda
a atingir objectivos
é estática e nunca muda
atrofia os incentivos

No trabalho faz quebrar
a corrente que alimenta
a vontade de alcançar
o sonho que se acalenta

Nas relações de amizade
atrai o mau ambiente
destrói a cumplicidade
e a rotura é eminente

No amor ainda é pior
chega a ser devastadora
provoca o dissabor
e não tarda alguém chora

É preciso inventar
criar a todo o momento
não ter medo e agitar
os dias de desalento

O sorriso e simpatia
são por demais importantes
está provado que'alegria
contagia os semelhantes






domingo, 9 de dezembro de 2007

Sei que não sei


Sonho e exponho
aquilo que sinto.
Retrato e componho,
ponho e contraponho
sempre por instinto

Sou e não sou, mas estou
p'ró que der e vier.
Tudo se transformou
separou e criou
e vai florescer.

Sei que não sei, mas é rei
quem crê na sua vontade.
Jamais trairei
mas boicotarei
quem iluda a verdade.

A rota... é como a bolota
quem a quer tem que trepar.
Cada um tem sua quota
o que realmente importa
é conseguir lá chegar.

O poliglota a pé ou de mota
crê que atinge a meta.
O futuro não se esgota.
jamais haverá derrota
escrita pela mão do poeta.

Sigo contigo ou comigo
e assim cumpro o meu destino.
P'ra me libertar do perigo
vai sempre haver um amigo,
amigo... ou anjo divino.






sábado, 8 de dezembro de 2007

Ei Brotas!


Ei, Brotas!
não sei se notas
que o teu irmão
é campeão
a gostar de ti.
Sempre deflecti
p'ra te querer bem
Não há ninguém
que te olhe como eu
e nunca esqueceu
quando eras menino.
Pequeno bambino
contigo ao colo
tu eras o polo
das atenções.
As recordações
boas que retenho
guardo com empenho.
Infância bonita
não havia guita
mas lá nos safamos
e o que ansiamos
fomos conseguindo
cantando e rindo.
Eras ás na bola
com a camisola
do Vilanovense
ainda mal se pense
é clube da terra
que não está na berra
mas é muito nosso
por isso um colosso.
Eu sou teu amigo
tou sempre contigo
Pega este abraço
e nota que o laço
que une os dois
é agora e depois
para lá da sorte
cada vez mais forte.






sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Dona Felicidade

Dona Felicidade
diga-me ao ouvido
algo que me agrade
que eu ando perdido

O que é que preciso
para ser feliz
ando indeciso
e de mau cariz

A vida está má
ninguém se entende
vive-se o oxalá
ninguém nos defende

Dona Felicidade
dê lá uma ideia
em boa verdade
a coisa está feia

Uns donos de tudo
e outros sem nada
uns vestem veludo
outros roupa usada

Os donos de tudo
querem mais e mais
roubam os sem nada
calam seus ideais

Dona Felicidade
dê uma ajudinha
a precariedade
que viva sozinha






quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Nem cá nem lá


Repousei os olhos no horizonte
Respirei fundo e pensei
Neste filme não há nada que me aponte
Algo mais que a tua lei

Assim não dá
Nem cá nem lá
Há outros filmes
Outras cenas p’ra viver

Já passei pró outro lado
Inventei outras canções
Descobri que o fado
Tem de ser cantado
Com as minhas emoções

Cansei de tanto abandono
vou partir e navegar
querias ser meu dono
Foste só o outono
Duma tela por pintar

Dei-te tudo quanto havia a dar
Não fui dada nem achada
Fui braseiro dum inverno que a durar
Não daria nunca em nada

Assim não dá
Nem cá nem lá
Há outros filmes
Outras cenas p’ra viver

Já passei pró outro lado
Inventei outras canções
Descobri que o fado
Tem de ser cantado
Com as minhas emoções

Cansei de tanto abandono
vou partir e navegar
querias ser meu dono
Foste só o outono
Duma tela por pintar
Por pintar...





Um gesto teu


Penso em ti...
nos teus olhos verde-mar.
Rosa malmequer,
algodão mulher,
campo a semear
por desbravar

Penso em ti...
brisa num mar de ilusão.
Verde espiga, amor.
Jardim multicor
Fado solidão,
minha oração

Estou só
e este amor aqui tão perto
Atravesso o deserto
- desencanto -

És a dor
de não te ter e o meu prazer,
é ver de longe a cor
do teu sorriso que eu preciso
p’ra poder viver
Acorda por favor

Estou aqui
Quero-te tanto, o teu encanto
faz-me deslumbrar
Um gesto teu e acaba o breu
desta loucura que perfura
um coração que anda louco,
por te amar.





Sol poente


Criei raízes no teu espaço
Bebi na fonte da paixão
Povoei teus sonhos num abraço
Juntei os dois num laço
Escutei o coração

Fiz a cantiga num tom quente
Gritei teu nome sem cessar
E as estrelas sorriram de contente
Brilharam e de repente
A lua quis brindar

Voei no trenó desta nascente
E acordei
Na paz do continente
Que inventei


És vaivém incandescente
Com rumo ao sol poente
Rosa marfim
Tens um sabor a romã
Cheirinho a hortelã
Vestida de cetim

Povoei teus sonhos
num abraço
Juntei os dois num laço
Escutei o coração

Fiz a cantiga num tom quente
Gritei teu nome sem cessar
E as estrelas sorriram de contente
Brilharam e de repente
A lua quis brindar

Voei no trenó desta nascente
E acordei
Na paz do continente
que inventei

És vaivém incandescente
Com rumo ao sol poente
Rosa marfim
Tens um cheirinho a limão e hortelã
Pomba paz, meu pijama de lã
Ter-te é ser o Rei do sistema solar
Malmequer, amor perfeito a despontar
Viver em ti é ter o sol da manhã






Nota a nota


Há um tempo que foi e deixou
Rosas brancas a pairar no ar
Melodia que o amor inventou
Karma que nos fez sonhar.

Foi, a loucura de pintar
uma tela de água e mel
Delicada como essa cintura
Talhada a cinzel

Nota a nota
Qual gaivota
Descobrimos um céu de paixão
Gota a gota
Sem dar conta
Inventamos a nossa canção

Repousei no teu regaço
D’algas, iodo e muito mar
E o cansaço
Perdeu-se no espaço
Da luz desse olhar

Nota a nota
Qual gaivota
Descobrimos o céu da paixão
Gota a gota
Sem dar conta
Inventamos a nossa canção

Repousei no teu regaço
D’algas, iodo e muito mar
E o cansaço
Perdeu-se no espaço
Da luz desse olhar
que me fez navegar
rumo á estrela polar
e sonhar, por te amar

Repousei no teu regaço
D’algas, iodo e muito mar
E o cansaço
Perdeu-se no espaço
Da luz desse olhar
que me fez navegar

Nota a nota
Qual gaivota
Descobrimos o céu da paixão
Gota a gota
Sem dar conta
Inventamos a nossa canção

Repousei no teu regaço
D’algas, iodo e muito mar
E o cansaço
Perdeu-se no espaço
Da luz desse olhar





Brindar à vida


Hoje é dia de soltar amarras
De brindar co’a vida e palmilhar
estradas
p’ra qualquer lugar

Hoje é dia de quebrar barreiras
E nas asas do sonho passar
fronteiras
feitas de luar

A cidade já está a fervilhar
E o cortejo não vai demorar
Há sorrisos e canções
No ar

Vem, que a vida tece
O rumo p’ra tomar
tudo acontece
É tempo de agarrar
O futuro a chegar
Com amor e paixão
Olha à tua volta
Pensa com o coração
cavalo à solta
Vem cantar o refrão
Desta nossa canção
Vem comigo viver.





Passo a passo


Invento a cada instante
a força que perdi
O passo a passo errante
que se dirige a ti

E o vento, meu amigo
No seu louco movimento
trás as novas que eu mendigo
e refreia o mau lamento

No gesto inseguro
Penumbra do meu ser
Retomo o quarto escuro
recrio o mau viver

E as mãos que te afagaram
procuram sem cessar
o corpo que abraçaram
e o perfume que há p'ra dar

As malhas por ti tecidas
são trapos gastos de tudo
a curva da despedida
acaba num grito mudo
E o barco que anda à deriva
mas vai encontrar o norte
não tem peso nem medida
foi largado à sua sorte





Saber a ti


Quis morar em ti
Provar teu corpo mel
Dar-te o sol que eu senti
Numa flor de papel

Inventar o amor
Ir p’ra além do que não tem fim
Mas em troca veio a dor
De ver no chão esta paixão
Que existe em mim
E foi o fim


Adeus amor
Não faz sentido andar
Com os sonhos pelo chão
E o desespero mão na mão

Adeus amor
É tempo de partir
Vou guiar-me pelo vento
Descobrir um novo alento

Quis saber a ti
Cantar lindas canções
Que pensei e escrevi
A contar emoções

Embalei a dor
Calei fundo este fardo atroz
Vi morrer por entre os dedos
A ternura e os segredos
Que guardei
De muda voz

Adeus amor
Vou p’ra não mais voltar
Vou despir esta tristeza
Desfrutar outra certeza
Adeus amor
Vou-me encontrar co’a paz
Vou viver num outro lado
Apagar todo este fado

Vou viver.....





quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

As crianças


O sorrir de uma criança
o brilho do seu olhar
a traquinice e pujança
e vontade de brincar

Toda aquela inocência
e alegria qu'irradiam
provocam em mim a carência
dos mimos que me faziam

Como é bom vê-las crescer
felizes no seu traquinar
co'a vontade de aprender
para mais tarde ensinar

Sempre à espera dum carinho
numa partilha constante
basta apenas um beijinho
para que fique delirante

Nasceram para ser felizes
falta dar-lhes condições
p'ra que os agora petizes
inventem novas gerações

Oh, como acredito nelas
p'ra criarem um País novo
p'ra abrirem novas janelas
à mentalidade do povo.





terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Navegar é preciso


Sentei-me ao piano,
lembrei dum Baiano,
Caetano Veloso.
E um tanto brioso
pus a minha alma
numa canção calma
que ele um dia fez.
Ás duas por três
dei por mim sem pauta
a cantar o "argonauta".
Um tema encantado
autêntico fado
que diz no refrão
com toda a razão
- Navegar é preciso,
viver não é preciso...




Parto sem dor


Parto sem dor nem pavor
do destino a abraçar.
Não temo a planicie,
o vento há-de levar-me
ao tempo que a minha sina
um dia fará chegar.
As estrelas vão guiar-me
e ajudar a driblar
o mastodonte feroz
que me queira abocanhar.
Velarão por mim à noite
e farão com que os meus sonhos
não perturbem o descanso,
antes me façam voar.
Mesmo o sol abrasador
vai por certo condescender
e juntamente co'a brisa
vinda do lado do mar
improvisará uma sombra
p'ra que consiga chegar.
Se padecer de cansaço
ou doença que me aflija
terei Deus pelo meu lado
ou algum seu enviado
p'ra me ajudar a vencer.

Parto sem dor nem pavor
do que irá acontecer...





Ribeira do Porto


Ribeira do Porto, pintura
que todo o mundo venera
postal ilustrado, brochura
que nos aviva a quimera

O fascínio que te envolve
desperta em nós fantasia,
maravilha que devolve
paz, amor e sinergia

A beleza tem limites...
Desta forma assim permites
a inveja a quem não tem

No seu país ou cidade
tamanha dignidade
e que receba tão bem.




segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O lobo do mar


Com passada certa
e ar decidido
deixava as pegadas
na areia da praia.
Cabelo grisalho
a barba comprida.
O rosto enrugado
cigarro na mão.
Botas de borracha
quase até à anca
samarra bem grossa
capucho caído.
Ao passar por mim
fez um leve aceno
e lá prosseguiu
com o passo marcado
talvez para casa.
Ele vinha do mar...
Será que a faina
desta vez foi boa?
Fico a imaginá-lo
no meio das vagas
o lobo do mar
atento a lutar
com todas as forças.
E a água salgada
a bater-lhe na fronte.
- Ninguém larga a rede!
Agarrem com força,
com um pouco de sorte
haverá boa safra.
Já quase só vejo
a sua silhueta...
Quem dera tivesse
parado a contar
as mil e uma histórias
passadas no mar.
Talvez nunca mais
me volte a cruzar
com o lobo do mar,
mas se acontecer
não vou resistir,
meto-me à conversa
e com humildade
peço que me conte
alguns episódios,
dos muitos que tem,
passados no mar.




domingo, 2 de dezembro de 2007

Xadrez


Peão, Zé ninguém, fanfarrão
Pé rapado displicente
perito a armar confusão
estaca se lhe fazem frente.

O bispo tenta converter
com todos os argumentos
na diagonal a benzer
vai anotando os proventos

O cavalo monta e desmonta
cenários de perigo iminente
O seu Éle é uma afronta
implacável, contundente

A Torre na sua vigia
horizontal, vertical
vai fazendo a analogia
da táctica adicional

A Rainha é poderosa
tem feitio complicado
veste a pele de raposa
e o caldo está entornado

Já o Rei é um paz d'alma
no seu trono ateatrado
sabiamente leva à palma
quem lhe ataca o reinado.

O xadrez só é prisão
para quem for marginal
é um jogo de eleição
e estratégia colossal.





sábado, 1 de dezembro de 2007

Lua


A lua... bela donzela
que tanto me inspira
e esclarece os pensamentos,
envolta num manto de prata,
destila o suave perfume
de alfazema e tomilho
envia raios de energia
que me atingem suavemente
p'ra que sinta
a brisa refrescante
do silencio
e goze o prazer
da calma e paz
que tanto prezo
partiu sem se despedir de mim.
Foi desaparecendo aos poucos
atrás duma qualquer
nuvem passageira
e deixou-me com as estrelas
Queria agradecer-lhe
pelas noites
que passamos juntos
pelas madrugadas
relaxantes
a curtir uma balada
escrever um poema ou canção
que canta simplesmente
o sonho de quem ama
e sabe ser amado.

Não tarda muito
o sol desponta
a noite dá lugar ao dia
e é preciso descansar.
Amanhã
quando nos encontrarmos
novamente
vou agradecer-lhe
antes que desapareça.